Domingo 02 de agosto.
Apenas tive tempo de ir à Missa de manhã cedo. Muita gente começava a chegar, vindo de todo lado a venerar ao Padre Julião. Sacerdotes, leigos, mulheres, crianças, veio toda La Mure. Levavam terços, medalhas, livros, imagens…. Eu permanecia junto da cama e encostava os objetos nas mãos do padre, logo a gente os recebia com devoção e os beijava. Todos aqueles que entravam deixavam escapar uma exclamação de admiração ao ver o rosto tão belo e tão sereno do Padre. Vinham a rezar por um defunto e encontravam-se na presença de um Santo adormecido. Aqueles a quem o Padre mais tinha estimado, não conseguiam conter as lágrimas – ouvi o senhor Delesbrosse dizer, enquanto chorava desconsoladamente: “Ele sempre me chamava do seu amigo! ”.
A atitude dos anciãos que haviam conhecido o Padre criança, que se lembravam da sua inocência, sua piedade, era ainda mais comovedora, e as lembranças faziam com que eles ficassem ainda mais emocionados.
Uma mulher muito velhinha, com mais de oitenta anos, se curvou sobre o Padre e falou: “Abraçava-me cada vez que chegava a La Mure, e eu quero lhe abraçar mais uma vez”!.
“A gente toda passou pelas suas mãos, me disse o secretário da câmara municipal. Durante suas férias, sendo já Padre, ele nos instruía sobre as cerimônias, nos convocava. Ninguém conseguia fugir a sua atração”.
Ele descansa atrás da abside da Igreja. Olha para o tabernáculo, o mesmo no qual, com apenas sete anos, passava longas horas “escutando, segundo sua expressão, o que Jesus lhe falava”.
Foi ele, sem dúvida, quem inspirou a ideia para seu modesto túmulo. O Santíssimo Sacramento coroa-o. Era o seu centro, seu chefe, o fim da sua vida. A estola está pendurada aos pés do ostensório. É a adoração, a homenagem de um sacerdote consagrado inteiramente a Jesus Eucaristia. Um livro aberto nos lembra de seus ensinamentos que bebiam sempre da fonte da Eucaristia.
A forma deste monumento é um genuflexório. É o trono, a carruagem triunfal do adorador, porque este foi o lugar da sua batalha e o altar da sua imolação.
Continue anunciando, pequeno e querido túmulo, as palavras de nosso Padre e lembrai-nos sempre do seu espírito de abnegação, o Dom absoluto de si mesmo a Nosso Senhor, sua dedicação ao serviço de Jesus Eucaristia.
Marsella, 31 de julho de 1869
Ir. Alberto Tesnière sss